PORTAS FECHADAS - UMA REFLEXÃO SOBRE A FAMÍLIA E O COVID-19 - BASEADO EM JOÃO 20: 19-29
- Fernando Cintra

- 5 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de nov. de 2020
De repente tudo mudou. A família rapidamente perdeu sua autonomia de espaço em um tempo tenebroso.
Confinada, ela se mostrou forte como aço, frágil como um cristal.
Uniu e separou entes queridos sem pedir licença, trazendo tédio, inquietação, impaciência, incertezas e, de maneira contraditória, trouxe possibilidades de aconchego, de vivência criativa, de superações.
Dentro, de portas fechadas a mais de três meses, aguarda um "kairós" de salvação, um caminho de libertação.
Se junta a esta aspiração, a experiência dos discípulos depois da morte do nosso Senhor Jesus Cristo, como uma nuvem de testemunhas do passado.
Por ocasião da morte do nosso Senhor Jesus Cristo os discípulos também fizeram o movimento para dentro, dentro de uma casa com portas fechadas. “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos..'”
Estavam perdidos, assustados. Foi então que o Salvador ressurreto os visitou. Disse: "paz seja convosco". Duas vezes. Sabia que os corações deles precisavam ser bem guardados na esperança da paz.
Jesus sempre estará como nossas famílias do lado de fora, mas também do lado de dentro quando dentro estamos. Sua presença nos concede este equilíbrio da alma chamado paz por fazer-nos entender que não estamos sozinhos.
No tumulto das crianças, adolescentes e jovens com os seus pais, no dissabor da perda do emprego ou no corte de salário, no distanciamento dos avós, tios, na solidão de uma moradia, no isolamento de um idoso ou na ausência da hospitalidade que nos aproxima e que requer sempre festa, alegria... Sua presença é reconfortadora, abençoadora.
Em seguida ele "mostrou-lhes as suas mãos e o lado." E os discípulos "se alegraram, vendo o Senhor."
A cruz. Sangue e carne do filho Deus trazendo alegria.
Nossas famílias precisam descobrir na cruz do Calvário motivos para se alegrarem.
A depressão tem aumentado assustadoramente durante a pandemia, suicídio, consumo excessivo de medicamentos, agressões, quer verbais ou físicas, surgem como resposta à infelicidade da natureza humana. De estar com o outro e afastado emocionalmente, em autoviolência.
Os discípulos em um só piscar de olhos viram sua infelicidade ser transformada em força, em alegria.
Nossas famílias precisam ver o Senhor da cruz, da ressurreição como um antídoto que cura pecados da alma. Uma experiência de adoração.
No relato de João ele traz um fato extraordinário: " assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo."
O Pentecostes iria ainda acontecer, mas numa atitude escatológica, Ele entrega o Espírito Santo para eles e a missão é iniciada chegando a cada geração. Antes de todos, primeiro a Sua família, os discípulos.
Famílias perdidas são famílias sem missão, sem causa. A missão que atravessa séculos é essa: " assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós." E ainda, "Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos."
Juntos, temos muito que perdoar: nós mesmos, a insensibilidade dos pais, filhos, parentes que tentando ajudar criam problemas por invadirem nosso espaço , enfim, tentando nos anular. Só o perdão não retido trará saúde no meio das doenças para nossas famílias.
Portas fechadas podem continuar fechadas, mas quando a família "crer sem ver", "bem-aventurados os que não viram e creram”, poderá ter a absoluta certeza que as mesmas portas serão abertas. Abertas para o próximo momento. Para o novo, como uma experiência de vida abundante, que chega à família e a convida para ser agente de Deus na história, seja lá que história for.
Portanto, família...
Este é um tempo de presença divina.
Este é um tempo para crer.
Este é um tempo de estarmos presentes um para o outro, em nossa missão. Amém.





















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